Concerto de Ana Moura nas Festas do Mar 2015, Cascais, Portugal – 25 de Agosto de 2015.
O álbum intitula-se “Moura”, tema que a poetisa Manuela de Freitas lhe ofereceu e que canta na melodia tradicional do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro, mas, pela primeira vez, a fadista canta autores como José Eduardo Agualusa, numa música de Toty Sa`Med, Samuel Úria, Jorge Cruz, Edu Mundo, Carlos Tê e Kalaf, numa composição de Sara Tavares.
“Andava ansiosa por ter músicas novas e, ao longo das digressões internacionais, comecei logo a trocar ideias com o [produtor] Larry Klein”, que também produziu o álbum anterior, “Desfado”.
Em declarações à Lusa, a fadista afirmou que “não queria um `Desfado dois`, que foi tão `fora da caixa`, queria voltar a fazer uma coisa diferente”, relativamente ao álbum anterior, que qualificou como “mais cru”.
Neste álbum, Ana Moura afirmou que interveio mais que no anterior, pediu aos músicos novas melodias e outras apareceram-lhe, como a de Carlos Tê, que Manuela Azevedo, dos Clã, lhe mostrou e a “encantou”. O tema de Tê intitula-se “O meu amor foi para o Brasil”.
“O Carlos Tê, curiosamente, foi o primeiro compositor/autor que cantei, não como profissional”, recordou.
O CD, editado pela Universal Music, é composto por treze temas e dois temas bónus, “Lilac wine” (James Shelton) e “Eu entrego” (Edu Mundo), cantado apenas por Ana Moura, canção que, aliás, faz parte do alinhamento do CD, mas numa interpretação partilhada com a cubana Omara Portuondo.
A fadista reconhece que vive “um momento feliz” na carreia e que 2015 foi “uma maratona” de concertos.
Este novo álbum, aliás, só vai começar a ser apresentado em palco a partir de 2016, “depois de bem ensaiadas as bases”, e Ana Moura não enjeita a possibilidade de levar para palco “coisas novas no fado”, como um computador ou uma “loop station”.
Além do Fado Cravo, a outra melodia tradicional que interpreta é o Fado Carlos da Maia de Sextilhas, no qual interpreta um poema de Maria do Rosário Pedreira, “Ninharia”.
“Estas duas melodias representam o meu cerne, a minha essência fadista, e depois há um rasgo e a minha perene necessidade de me transformar, de nunca ser igual. Essa é a minha identidade, nunca acreditei em estereótipos”, afirmou a intérprete.
“O meu canto é muito mais interior que exterior, vive muito mais de uma profundidade e de uma interioridade do que propriamente de uma estética vocal ensaiada”, disse a fadista que em seguida sublinhou que nunca ensaia, além do essencial, “para que todos tenham as bases e estejam confiantes, mas é muito importante o improviso em palco”.
“Moura” foi produzido por Larry Klein, que também faz parte do leque de músicos, nos teclados adicionais.
in Lusa 26 Nov, 2015.
Fotos: Luis Macedo