Selma Uamusse @ Mexefest 2015

Selma Uamusse @ Mexefest 2015 – Casa do Alentejo, Lisboa – 28 de Novembro de 2015.

A Selma aceitou o meu desafio de ser ela a escrever, na sua perspectiva, sobre o maravilhoso concerto que deu por ocasião do Vodafone Mexefest, na Casa do Alentejo:

“O dia 28 de Novembro era um dia muito esperado.
Foi em Maio que ficou apalavrada a nossa actuação no Mexefest e quando digo nossa falo mesmo em nossa porque a Selma Uamusse é um conjunto de pessoas muito importantes que fazem com que “ela” exista e coexista com outras actividades.

A Selma Uamusse são o Augusto Macedo (director musical, teclista, baixista), o Gonçalo Santos (bateria e percussões), Nataniel Melo (percussionista), o Hugo Santos (técnico de som) e eu, claro. Ainda há o Luis, a Felicia e a Lia que além do acompanhamento logístico, são responsáveis pelos beijos, abraços e atendimento a alguns instintos mais primários que por vezes se fazem sentir.

Juntos chegámos a um som particular que temos vindo a explorar tendo como premissa a utilização de instrumentos tradicionais de Moçambique e a exploração dos ritmos moçambicanos bem como de algumas línguas de Moçambique. Trazer estes sons para um festival com historial vincadamente virado para a música indie implicava um enorme desafio para nós, até percebermos que a edição deste ano trazia nomes como o Bombino, Cachupa Psicadélica, Meu Kamba, Akua Naru, Mahmundi. E com isto mais do que nos sentirmos mais peixinhos dentro de água, sentimos que a responsabilidade aumentava também, mas no fim de dia o que realmente importava seria divertirmo-nos e mostrar a nossa desconhecida música e musicalidade.

Eu andava cansada para não dizer exausta. Com duas filhas pequenas, a semana dividiu-se entre ensaios para o concerto no Mexefest, os ensaios da peça Ruínas que se estreou em Janeiro de 2016 e os concertos do Rodrigo Leão, com quem colaboro, que aconteceram a 27 e 28 de Novembro 5 horas antes do nosso concerto no Mexefest.

Tenho um ritual, que cumpro sempre… dormir antes do concerto. Andava com dores horríveis nas pernas e tive o privilegio de receber um tratamento de uma simpática osteopata amante de música (a Carolina ) e dormi como uma pedra já depois do regresso do concerto com o Rodrigo Leão.

Consegui ver um bocadinho do concerto dos They’re Heading West de quem gosto muito, comi muito pouquinho e fiquei muito contente quando regressei à sala e me apercebi que a sala estava já esgotada. A Teresa Samissone que me veste, lá estava como de costume para me ajudar a vestir, um fato feito em capulana, pus alguma maquilhagem recebi um abracinho da equipa com quem trabalho e que levaram o Bombino para me dar um beijo e… lá fui eu.

Antes de entrar em palco desligo e não vejo muito bem. Preocupa-me saber se está tudo ok para nos divertimos mas até lá fico inquieta… foi o que aconteceu quando subi ao palco, fiquei inquieta… vi uma porta aberta e não conseguia perceber o que se passava até chegar à conclusão que era o bar… o que me deixava ansiosa deixou de me preocupar e enquanto tentava não me magoar durante os passos de dança mais ousados, comecei a pedir luz para poder ver os musicos. Afinal a Selma Uamusse somos todos nós e por muito bonito que fosse aquele escurinho queria que vissem o Nataniel a solar na timbila, o Augusto a tocar a mbira ou o Gonçalo em sintonia com a bateria e comigo.

O resto é música e quando fazemos o que gostamos e o público responde há uma explosão de amor. Foi o que aconteceu quando desci para o meio do público. Faz-me falta olhar as pessoas nos olhos, cantar para elas de perto e confesso que tinha também muita vontade de ver o publico que estava na outra ponta, ver os músicos, estar próxima do técnico e fui flutuando até ao outro lado enquanto entoava o Song of Africa, uma das músicas mais bonitas que temos no nosso repertório.

Depois da música veio a festa e foi com enorme alegria que vi a casa do Alentejo, primeiro emocionar-se com as canções e depois a dançar freneticamente.

Foi uma noite muito feliz.”

– – – – – – – [por Selma Uamusse]

Fostos do Concerto: