Concerto de Bonga no Festival Sol da Caparica 2017 – Costa da Caparica, Almada – 10 de Agosto de 2017
Raramente a palavra “gigante” assenta de forma tão perfeita a um artista como a Bonga. Artista resistente, cuja música expressa no clássico que é Angola 72, a que sucedeu outro clássico, Angola 74 – grita liberdade! E tem sido sempre assim: este mestre do semba correu mundo, foi “pescado” pela Luaka Bop de David Byrne, o músico americano dos Talking Heads, que foi um dos primeiros a acordar para a ideia de world music, para a ideia de que havia mais música no mundo do que aquela que o “ocidente” produzia. Bonga, que colaborou com meio mundo, incluindo a enorme Cesária (foi ele o primeiro a cantar “sodade”) ou mais recentemente com Ana Moura, com quem interpretou de forma genial “Valentim” de Amália Rodrigues. Bonga é um gigante e um tesouro e todos vamos cantar “Mariquinhas” num concerto que se espera enorme no Sol da Caparica.
O seu novo álbum “Recados de Fora”, Bonga – que acaba de comemorar seu 74º aniversário – conta a historia de uma viagem fascinante em diferentes épocas e continentes. O Oceano Atlântico forma um fio de conexão sempre presente. O cantor e compositor observa a sua juventude, a crescente consciencialização sobre a colonização portuguesa, como seu pai pescador e acordeonista o apresentou à música e seu amor ao semba, o símbolo da identidade nacional angolana (kizomba, um gênero favorito para gerações mais novas, é uma versão modernizada da semba). Na verdade, como um dos últimos grandes nomes da música africana pós-colonial, Bonga encarna a Semba hoje – um facto claramente refletido no “Tonokenu”, uma música na mais pura tradição de suas raízes.